2004/09/13

Abertura

Aceitar o convite? Primeiro postal

O Sistema eScOLAR – “relações intertemáticas”



Já tinha ouvido falar de blogues. Visitei e pareceram-me mais blagues Decidi que não tinha tempo para perder tempo.
Agora aprece-me uma proposta irrecusável: “a paixão da educação” apresentada pelo Gustavo, que preferia se chamasse “arteEducação” ou a educação como uma Arte Superior ou, em alternativa o que uso no título. O que sempre me seduziu e me manteve como um desalinhado no sistema, creio que foi esta concepção, que sempre se me impôs, como aluno e como professor: “educar é a divina arte, que o homem tem de criar criadores”. Um poder terrivelmente sedutor e perigoso, que poucos ousam arriscar.
É mais simples dirigir e criar dependentes, do que criar ser livres. “Quem sabe, faz; quem não sabe ensina!”

Depois há outro problema. Sempre ouvi dizer que “Quem está fora, racha lenha”, como quem diz, não tem “Voz Activa na matéria”, o que, convenhamos, é muito cómodo para os que pretendem a manutenção do sistema em que estão instalados e no qual mandam e abusam e do qual subsistem e, portanto, nada mais prejudicial do que dar VOZ a alguém que já conseguiram calar e “varrer” para fora do sistema. É esse o meu drama e a minha tentação. Acho que devo intervir como sempre intervim… mas sei que os “instalados” não querem, não suportam ouvir… Eles é que sabem… Eles é que mandam…
Há no entanto ocasiões em que não é possível deixar de falar; em que é proibido calar a nossa indignação. Ao olhar para o arranque deste novo ano lectivo e para a sucessão de disparates e irresponsabilidades com que se vem preparando desde há mais de meio ano é obrigatório denunciar estas monstruosidades sob pena de sermos cúmplices de toda uma deseducação que põe em causa a Educação dos nossos filhos. A Educação das gerações vindouras. O Desenvolvimento do País, do Mundo, da Sociedade, da Humanidade.

Vou aceitar o desafio. O meu tema base fica, desde já, no título: O Sistema eScOLAR – “relações intertemáticas”.
No sistema solar, a Humanidade descobriu espantada que estava enganada, apesar das condenações à morte de Jordano Bruno e outros, e do raspanete a Galileu, daqueles senhores emproados que girando a mais de trinta quilómetros por segundo gritavam que estavam parados… Ora esta descoberta leva mais de quinhentos anos!... E ainda não descobriram a outra evidência, ainda mais evidente do que aquela:
É que, assim como no sistema solar, a Terra, não é de facto o Centro, mas o Sol; também no sistema escolar, o Senhor prepotente Ministério e os Senhores Ilustres Professores, não são, de facto o Centro do sistema escolar, mas os Alunos e a sua inserção na Comunidade, na Sociedade, na Humanidade, no seu imparável desenvolvimento e crescimento, nos seus mais diversos aspectos.

Outra questão base. A ideia base proposta pelo Gustavo é “O que é Aufklarung?”, de Kant, precisa de ser abanada!!! Traduzir simplesmente por: “O que são as LUZES?” ou o que é o iluminismo… o esclarecimento… lucidez… ou ??? não chegam, não servem. São redutoras. Como questão de base era preciso uma acesa e profunda discussão.
Em – O Estado e os Direitos Humanos: uma visão em perspectiva, de Maria Bernadette de Moraes Medeiros, in http://www.pucrs.br/textos/estado.htm creio que encontrei uma perspectiva abrangente, esclarecedora e motivante.
«A grande mudança do paradigma cosmológico (a ordem do mundo, a ordem das coisas), vigente na filosofia grega, para o paradigma antropológico (a descoberta do homem como ser pensante, capaz de conhecer e transformar o mundo), marca o início da Época Moderna.»
Creio que é aqui que eu me pretendo situar. Não percebo porque é que foi ou é preciso esperar por Kant ou pelos seus seguidores. Os Humanistas do Renascimento já tinham aberto o caminho, como aliás muitos pensadores do Classicismo Antigo! Porque é que os Homens levam tanto tempo a perceber que a Humanidade é mesmo aquilo que é e não aquilo que eles querem estabelecer com as suas forjadas “leis”? e o Homem Livre e Consciente é seu Centro e a sua Finalidade?

É este o meu mote de andarilho e o início destas andanças pela blogosfera. Caso não interesse, dou aqui por encerrada a minha colaboração.