2004/10/20

Em breve mais TEMAS e ligações à TEIA...

Abri este BLOGUE para entrar em contacto com mais pessoas para além de aminhaTEIAnaREDE e descobrir um grupo mais ligado a esta temática, mas perdi-me ali pela Paixão da Educação e parei.
Vai ficar como arquivo pessoal, para não sobrecarregar o BLOGUE da PAIXÃO nem o seu respectivo ARQUIVO.
Aqui vão aparecer as ligações para os «POEMAS À MINHA ESCOLA» onde usei pela primeira vez o anagrama - SISTEMA eScOLAR - contar de onde me nasceu a ideia... dumas «Divagações Intertemáticas« de um colega: Augusto de Oliveira e Sousa, que publicou na revista «escola democrática» Ano VI - número 2 - Outubro de 1983... Depois não resisti a ir buscar "leituras" e ideias do Paulo Freire da "Educação como Prática da Liberdade»... e já agora do João de Deus e a sua «Cartilha Maternal ou a Arte de LER» ... e ainda, pela mão de Maria Rosa Colaço e a o seu livro «A Criança e a Vida» com surpreendentes textos dos alunos... apareceu-me um delicioso livro com as «Histórias da Maria dos Olhos Grandes e do Zé Pimpão» que fizeram as delícias de muitos...
Dentro de momentos, vou por um pouco disto tudo à disposição, aqui no SISTEMA eScOLAR...
Como bom ALUNO, vou tentar dar conta, através da www.e-libro.net, dos trabalhos que vou conseguindo publicar. Creio que é demasiado inovador e não estão muito acessíveis... mas...
E vou ver se, de vez em quando, vou ali até ao Café com Letras, em Cacilhas, para encontrar Amigos, trocar Ideias, saborear as palavras e promover mais Encontros... e, provavelmente, com «outroolhar»...

2004/09/30

Uma DÉCIMA sobre a INSTRUÇÃO

Décima atribuída ao “tio” Belchior, (falecido), Estação de Ourique, Castro Verde, in A ESPIGA – uma publicação Nº 1 de 1982, da Escola Preparatória de Beja, coordenada por Abílio, Maria do Carmo, Maria da Conceição Teixeira e Maria Joaquina.

MOTE

A INSTRUÇÃO (NÃO) É PRECISA
A INSTRUÇÃO NÃO CONVÉM
QUE A INSTRUÇÃO EMBRUTECE
A QUEM MUITA INSTRUÇÃO TEM.

Duques, marqueses, morgados
Família de igual medida
É tudo gente instruída
Alguns em direito formados
Lentes e deputados
A morte os harmoniza
Sabe Deus quem autoriza
A conhecer o bem do mal
Para a base fundamental
A instrução não é precisa.

Se todos pudessem estudar
E todos pudessem saber
Quem havia exercer
Por aí tanto lugar
Ninguém queria trabalhar
Cuidar dos gados de alguém
O estudo para quem não tem
Não é útil o seu ensino
Para quem é pequenino
A instrução não convém.

O rico por ter estudado
Não faz trabalhos de peso
Nem encargos de desprezo
Quem os faz é gente rude
O que não sabe faz tudo
é o que menos merece
É àquele que não conhece
De que serve ter aprendido
Há tanto homem instruído
Que a instrução embrutece

Ver-se o pobre ignorante
Não causa admiração
Ele não recebeu instrução
Não vê os erros por diante
Admira é o estudante
Que vai a Coimbra e vem
Não é um são mais de cem
Se a gente os for a contar
Isso é que é para admirar
A quem muita instrução tem.

2004/09/21

A Paróbola da VINHA


A PARÁBOLA DA VINHA

07/01/1990 - para reflectir em Setembro de 2004 - na ABERTURA do ANO LECTIVO que não abre...

era uma vez...

...meio da manhã… está muito frio… chega o correio e chega uma carta com a direcção que eu escrevi, para mim… vem da universidade aberta.
- parabéns. aprovado. passou na profissionalização em serviço. acabou a formação contínua. continua!

ERA UMA VEZ UM REI E UMA RAINHA
que tinham uma vinha
e andavam muito tristes
muito aflitos
porque a vinha, a sua vinha,
vinha sendo maltratada,
e andava improdutiva...
não dava uvas a vinha
nem a vinha dava vinho!

e vieram vinhateiros
de todos os cantos do reino
e surribaram cavaram estrumaram e podaram
enxertaram renovaram e plantaram
dia e noite noite e dia
dando o melhor que podiam
dando o melhor que sabiam
até que a vinha parecia
que ia ter uma outra vida
- já dava cachos maduros!...
- enchia as pipas de vinho!...

Aí!,
diz o rei para a rainha,
pois estava a ficar aflito:
- os vinhateiros são muitos!,
lá se vai a economia!...
- é preciso pagar menos
e trabalhar inda mais...
pois o vinho dos tonéis
quase não dá para lhes pagar!...

diz a rainha convicta
vendo a vinha bem tratada
e a adega recheada:
- vamos mas é, ó meu bem,
vamos é, ver como são.
se são bons. a ver se sabem.
fazer exame a preceito
pra ficarmos a saber
se sabem bem do trabalho
da poda cava enxertia
e até da plantação!!!

- bem lembrado, sim senhora,
lembra vossa senhoria!...
e pra vinha continuar
sempre viçosa a medrar
inventamos umas provas
para o seu saber provar
ali mesmo a trabalhar...
- se enquanto trabalham comem
e mal dormem os coitados
também nos podem provar
se sabem o que sabemos
NÓS, da poda e da enxertia,
(a NÓS que nada sabemos
pois não era‚ que ela morria!?).
Eles já trabalham há anos
ali na vinha quase morta
e o certo é que a vinha medra,
mas vamos lá aos exames
que isto não é de fiar...
sempre ali a trabalhar...
ou são duros que nem pedras
ou são burros que nem as portas
e andam aqui a chuchar
e qualquer dia à tardinha
inda vão p'raí dizer
que já sabem trabalhar
e a prova está à vista
de qualquer cego ou maneta
ali, de dia, ao luar...
- Façam-se exames e pronto!-
- disse o rei a resmungar.

E foram mesmo a exame
que vinha mesmo a calhar...

- Que burros!
Não sabem nada de nada
da merda que nós não sabemos!
Espeta-se-lhes uma raposa.
Mandamo-los bugiar
e pomos lá a cavar
ali bem no seu lugar
a podar e a enxertar
os outros que nada aprenderam
daquilo que nós (não) sabemos...
depois dizemos ao povo
não venha aí protestar
que a vinha foi pró car(v)alho
mas há sucesso escolar!

E assim os vamos calar.

E desta vez é de vez:
vamos de vez acabar
com o insucesso escolar
e pra sempre proclamar:
VIVA O SUCEXO ESCOLAR!

NÃO vinha MESMO A CALHAR?

ZÉ DA BURRA
Penedo Gordo, Beja, 1990/01/07

2004/09/13

Abertura

Aceitar o convite? Primeiro postal

O Sistema eScOLAR – “relações intertemáticas”



Já tinha ouvido falar de blogues. Visitei e pareceram-me mais blagues Decidi que não tinha tempo para perder tempo.
Agora aprece-me uma proposta irrecusável: “a paixão da educação” apresentada pelo Gustavo, que preferia se chamasse “arteEducação” ou a educação como uma Arte Superior ou, em alternativa o que uso no título. O que sempre me seduziu e me manteve como um desalinhado no sistema, creio que foi esta concepção, que sempre se me impôs, como aluno e como professor: “educar é a divina arte, que o homem tem de criar criadores”. Um poder terrivelmente sedutor e perigoso, que poucos ousam arriscar.
É mais simples dirigir e criar dependentes, do que criar ser livres. “Quem sabe, faz; quem não sabe ensina!”

Depois há outro problema. Sempre ouvi dizer que “Quem está fora, racha lenha”, como quem diz, não tem “Voz Activa na matéria”, o que, convenhamos, é muito cómodo para os que pretendem a manutenção do sistema em que estão instalados e no qual mandam e abusam e do qual subsistem e, portanto, nada mais prejudicial do que dar VOZ a alguém que já conseguiram calar e “varrer” para fora do sistema. É esse o meu drama e a minha tentação. Acho que devo intervir como sempre intervim… mas sei que os “instalados” não querem, não suportam ouvir… Eles é que sabem… Eles é que mandam…
Há no entanto ocasiões em que não é possível deixar de falar; em que é proibido calar a nossa indignação. Ao olhar para o arranque deste novo ano lectivo e para a sucessão de disparates e irresponsabilidades com que se vem preparando desde há mais de meio ano é obrigatório denunciar estas monstruosidades sob pena de sermos cúmplices de toda uma deseducação que põe em causa a Educação dos nossos filhos. A Educação das gerações vindouras. O Desenvolvimento do País, do Mundo, da Sociedade, da Humanidade.

Vou aceitar o desafio. O meu tema base fica, desde já, no título: O Sistema eScOLAR – “relações intertemáticas”.
No sistema solar, a Humanidade descobriu espantada que estava enganada, apesar das condenações à morte de Jordano Bruno e outros, e do raspanete a Galileu, daqueles senhores emproados que girando a mais de trinta quilómetros por segundo gritavam que estavam parados… Ora esta descoberta leva mais de quinhentos anos!... E ainda não descobriram a outra evidência, ainda mais evidente do que aquela:
É que, assim como no sistema solar, a Terra, não é de facto o Centro, mas o Sol; também no sistema escolar, o Senhor prepotente Ministério e os Senhores Ilustres Professores, não são, de facto o Centro do sistema escolar, mas os Alunos e a sua inserção na Comunidade, na Sociedade, na Humanidade, no seu imparável desenvolvimento e crescimento, nos seus mais diversos aspectos.

Outra questão base. A ideia base proposta pelo Gustavo é “O que é Aufklarung?”, de Kant, precisa de ser abanada!!! Traduzir simplesmente por: “O que são as LUZES?” ou o que é o iluminismo… o esclarecimento… lucidez… ou ??? não chegam, não servem. São redutoras. Como questão de base era preciso uma acesa e profunda discussão.
Em – O Estado e os Direitos Humanos: uma visão em perspectiva, de Maria Bernadette de Moraes Medeiros, in http://www.pucrs.br/textos/estado.htm creio que encontrei uma perspectiva abrangente, esclarecedora e motivante.
«A grande mudança do paradigma cosmológico (a ordem do mundo, a ordem das coisas), vigente na filosofia grega, para o paradigma antropológico (a descoberta do homem como ser pensante, capaz de conhecer e transformar o mundo), marca o início da Época Moderna.»
Creio que é aqui que eu me pretendo situar. Não percebo porque é que foi ou é preciso esperar por Kant ou pelos seus seguidores. Os Humanistas do Renascimento já tinham aberto o caminho, como aliás muitos pensadores do Classicismo Antigo! Porque é que os Homens levam tanto tempo a perceber que a Humanidade é mesmo aquilo que é e não aquilo que eles querem estabelecer com as suas forjadas “leis”? e o Homem Livre e Consciente é seu Centro e a sua Finalidade?

É este o meu mote de andarilho e o início destas andanças pela blogosfera. Caso não interesse, dou aqui por encerrada a minha colaboração.